Divindade protetora das academias de artes marciais, dos negócios e de tudo o que envolva integridade, justiça e coragem, Kwan Kun se destaca como uma figura lendária no folclore chinês. Originado no Período dos Três Reinos (220 a 280 d.C.), após o declínio da Dinastia Han, Kwan Kun, também conhecido como Guan Gong, é reverenciado por seus feitos heroicos e valores exemplares.
A história de Kwan Kun remonta a cerca de 1700 anos (alguns afirmam 2000 anos), durante uma época em que a China era dividida em feudos comandados por generalíssimos. Kwan Kun, “irmão de sangue” do líder Liu Pei, desempenhou um papel crucial na defesa da família de seu irmão e em combates contra adversários poderosos, como Tchou Tchou.
Kwan Kun enfrentou desafios éticos ao resistir às tentativas de suborno de Tchou Tchou, permanecendo leal à sua família e princípios. Sua notável bravura é evidente em episódios como a salvação de uma donzela sequestrada e sua ousadia ao escapar de um incêndio armado pelo inimigo.
A tríade formada por Kwan Kun, Liu Pei e Chang Fei é central em várias lendas, destacando a amizade profunda entre esses heróis-divinizados. Seu juramento sob pessegueiros simboliza a promessa de viver e morrer juntos.
Apesar de sua morte trágica em batalha, Kwan Kun continua a ser reverenciado, aparecendo aos seus soldados e sendo considerado o santo protetor dos guerreiros. Sua imagem é incorporada em delegacias chinesas, lembrando os policiais da importância da honestidade.
As características lendárias de Kwan Kun, com 2,70 metros de altura, uma barba de 60 cm e uma face “vermelha como uma jujuba”, ilustram a transformação do homem comum em divindade. Ele é frequentemente representado ao lado de seu valioso cavalo “Lebre Vermelha” e auxiliares, como seu filho adotivo Kwan Ping e o escudeiro Chou Tsang.
Lendas sobre seu nascimento, como a história do ovo vermelho, adicionam um toque místico à sua figura, enquanto suas qualidades de coragem, justiça e lealdade são enfatizadas em todas as narrativas. Em locais de treinamento de kung fu, um pequeno altar com a imagem de Kwan Kun é comum, onde praticantes iniciam os treinos com reverência, focando em valores como interesse, sintonia e confiança.
Acender uma vela vermelha ou lâmpada para invocar seu espírito demonstra a crença na presença contínua de Kwan Kun. Sua figura, enraizada na cultura chinesa, serve como exemplo a ser seguido, inspirando não apenas nos campos de batalha, mas também na vida cotidiana e nas práticas das artes marciais.